As pessoas. Em seus encontros - nas ruas, nos bares, na praia, no ônibus, no metrô, no bonde,... - não deixam dúvidas sobre o que pensam, externalizando em alto e bom som, sem pudor, os mais diversos assuntos - também o corpo comunica. Para quem chega carregando a educação sulina, o modo de ser e estar, a cena por vezes pode até parecer um tanto desrespeitosa. [Pisoteado, o meu falar polido, gentil e contido viu-se na necessidade de se fazer forte e grande, para receber ouvidos – que merda!]
Os automóveis em trânsito agridem (quando estacionados não raro descansam sobre as calçadas), um número significativo de pessoas vivem nas ruas (gente de todas as idades), no passeio montes de lixo, muitos prédios pichados, cheiro de merda e mijo – já a elite, como em outras partes do país, refugia-se em ilhas, onde tudo beira a perfeição. Gosto, não gosto, bonito ou feio, bom ou ruim,... É fácil demais, coberto de um olhar europeizado, julgar penalizando - um jeito dicotomizado, superficial que não avança em direção ao porque das coisas (a forma como sempre me coloquei frente a uma pintura, uma cor, uma pessoa, uma cidade,...). Se a maneira como as pessoas espremem o suco desse limão não utiliza o “juicer Wallita”, não necessariamente significa uma limonada melhor ou pior em sabor, algo que não serve para matar a sede.
É apenas um outro modo de funcionar. É o modo como as pessoas que vivem ali encontraram para tocar a vida, e são tantas as pessoas, e é tão grande o lugar. Infelizmente, entre outras coisas, igualmente grande é a falta de políticas sérias para enfrentar os problemas estruturais.